Mito 3: A terapia é para pessoas "sozinhas"

Por vezes, as pessoas encaram a terapia como algo para aqueles que não "têm com quem falar". Nesta perspetiva, quem tem essas relações, não precisa de um terapeuta. É verdade que familiares, amigos e colegas, por vezes, nos dizem "a coisa certa no momento certo" (e de forma gratuita!). Contudo, com um terapeuta, a probabilidade de isto acontecer é maior, já que por trás das suas intervenções está um conhecimento profundo do funcionamento humano. Além disso, na base de qualquer terapia, está uma relação que se estabelece entre a pessoa e o terapeuta, e que é diferente de todas as outras relações da vida da pessoa. É uma relação "à parte" - o terapeuta está fora da rede social da pessoa, e isso permite-lhe compreender aquilo que ela descreve a partir da perspetiva dela, e usar essa perspetiva como ponto de partida para a mudança. Mais ainda, é uma relação assente em princípios – de confidencialidade, de respeito, de promoção do interesse da pessoa e da sua autonomia – que promovem a construção de confiança.

A terapia pode ser útil a qualquer pessoa, independentemente do número e profundidade das suas relações. A relação terapêutica não substitui nem compete com as outras relações da vida da pessoa, porque é diferente de todas elas. Funciona antes como algo complementar, que tem características diferentes e que cumpre diferentes propósitos.