Mito 5: A terapia é para "normalizar" as pessoas

Quando uma pessoa procura terapia, fá-lo frequentemente por considerar que há algo em si que "não está" ou "não é" "normal". Pretende que o terapeuta "corrija" esse algo, e a "normalize". Contudo, o conceito de "normalidade" é, por si só, muito discutível. O que significa, afinal, "normal"? É aquilo que nos é habitual, tendo em conta os grupos em que estamos inseridos? É aquilo que a sociedade define como "correto"? É a média estatística de determinada característica no mundo? Nenhuma destas questões é muito útil (nem muito relevante) no trabalho de um terapeuta. O terapeuta sabe que as fronteiras da "normalidade" são difusas, e que existem inúmeras formas de se ser "normal". Sabe que cada pessoa tem diferentes experiências passadas, realidades presentes e desejos futuros, e que é no contexto dessas diferenças que faz as suas escolhas. E que essas escolhas serão sempre diferentes, sem por isso deixarem de ser "normais".

A terapia intervém no sentido de ajudar a pessoa a (re)conhecer-se nas suas diferenças, e a considerá-las nas suas escolhas. O objetivo não é o de anular as diferenças, mas o de ajudar a pessoa a afirmá-las. Assim, o papel do terapeuta não é o de tornar a pessoa igual às outras, mas o de a ajudar a tornar-se cada vez mais parecida consigo própria.