Mito 4: A terapia é para "tratar doenças"

Quando uma pessoa procura terapia, um objetivo frequente é o de eliminar determinadas dificuldades. Pode expressar este pedido em frases como "quero que me tire “isto”", ou "quero voltar a ser como era". É habitual fazer a analogia com o modelo médico. Face a um conjunto de "sintomas" de uma "doença", a pessoa procura um "médico", e este faz um "diagnóstico" e "prescreve" um "tratamento". Contudo, esta analogia tem algumas limitações. Em primeiro lugar, as dificuldades que levam uma pessoa a procurar um psicólogo são muito variadas, e nem sempre se enquadram nos critérios de diagnóstico de uma qualquer perturbação psicológica. Em segundo lugar, o que o terapeuta faz é construir em conjunto com a pessoa uma definição dessas dificuldades que faça sentido para ambos, e não tanto identificar e comunicar à pessoa "o que é que ela tem". Finalmente, a intervenção psicológica assenta numa relação de colaboração, ou seja é algo que se faz "com a pessoa", e não algo que se faz "à pessoa".

A terapia intervém sobre um conjunto muito variado de dificuldades, não necessariamente "doenças". Esta intervenção assenta numa colaboração entre a pessoa e o terapeuta, para a qual não existem "receitas". E o objetivo final é que a pessoa chegue a um estado novo, e não que "volte a ser como era". A terapia é um processo de crescimento, mais do que um processo de tratamento.